sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O telegrama de Juvenal

O Juvenal tava desempregado há meses. Com a resistência que só os brasileiros tem, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista. Ao chegar no escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha exatamente perfil desejado, as virtudes ideais e lhe
perguntou:

- Qual foi seu último salário?

- 'Salário mínimo', respondeu Juvenal.

- Pois se o Sr. for contratado, ganhará 10 mil dólares por mês!

- Jura?

- Que carro o Sr. tem?

- Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!

- Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma

BMW para sua esposa! Tudo zero!

- Jura?

- O senhor viaja muito para o exterior?

- O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes...

- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.

- Jura?

- E lhe digo mais.. O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido.
Se até amanhã (6ª feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um
telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira com
todas essas regalias que eu citei.
Então já sabe: se NÃO receber telegrama cancelando até à meia-noite
de
amanhã, o emprego é seu!

Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a
meia-noite da 6ª feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito

telegrama. Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu

a família e contou as boas novas.

Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa à base de
muita música. Sexta de tarde já tinha um barril de chopp aberto.
Às 9 horas da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a
bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava
tudo um exagero. A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pro
lado do Juvenal.

E a banda tocava!

E o choop gelado rolava!

O povo dançava!

Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. Gastaria horrores para o
bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro
salário. E a mulher
resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.

Às onze horas e cinqüenta e cinco minutos........vira na esquina
buzinando feito louco, um cara numa motoca amarela... Era do Correio!


A festa parou!

A banda
calou!

A tuba engasgou!

Um bêbado arrotou!

Uma velha peidou!

Um cachorro uivou!

- Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?

- Coitado do Juvenal! Era a frase mais ouvida.

- Joguem água na churrasqueira!

O chopp esquentou!

A mulher do Juvenal desmaiou!

A motoca parou!

O cara desceu e se dirigiu ao Juvenal:

- Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri? - Si, si, sim, so, so, sou
eu... A multidão não resistiu...

- OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!

E o cara da motoca:

- Telegrama para o senhor...

Juvenal não acreditava... Pegou o telegrama, com os olhos cheios
d'água,
ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total. Não se ouvia
sequer uma mosca!
Juvenal respirou fundo e abriu o envelope do telegrama tremendo,
enquanto uma
lágrima rolava, molhando o telegrama..

Olhou de novo para o povo e a
consternação era geral. Tirou o
telegrama do envelope, abriu e começou a ler. O povo em silêncio
aguardava a notícia e se perguntava:

- E agora? Quem vai pagar essa festa toda?

Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para
o povo que o encarava...

Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e
começou a gritar eufórico.


- Mamãe morreeeeuuu! Mamãe morreeeeuuu!!!!!!!

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